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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


José Saramago - Ensaio sobre a Cegueira


Sobre o autor: José Saramago (1922 - 2010) foi um escritor (dentre muitas outras coisas) português. Em 1995 ganhou o prêmio Camões e em 1998 ganhou o Nobel de Literatura. Dentre muitas de suas obras, a escolhida de hoje é Ensaio Sobre a Cegueira por razões bem pessoais (meu livro preferido).

Sobre o livro: O livro trata de uma epidemia de cegueira branca que acomete toda a população muito rapidamente. Apenas uma mulher é isenta dessa epidemia e enxerga a degradação do ser humano. A história segue não só um pequeno grupo de pessoas, como também retrata toda a situação de calamidade e selvageria que Saramago acredita ser a verdadeira natureza humana. O relevante do livro não é a cegueira, muito menos sua causa ou a busca de sua cura, muito menos as pessoas (que nem possuem nomes), e sim o rompimento gradativo dos valores que fazem do homem o "ser superior" e o retorno progressivo a sua verdadeira natureza, que é exatamente o retrato da podridão que existe dentro de cada um de nós.

Minha opinião pessoal: Tenho que começar dizendo que o livro não é para todos os gostos. O volume brasileiro vem escrito em português de Portugal, pois Saramago não quis que fosse adaptado ao português brasileiro. Isso já é o bastante para dificultar a leitura, principalmente de leitores que preferem uma leitura mais leve. Como se isso não fosse suficiente, raramente existem parágrafos no livro. Até mesmo os diálogos são escritos no meio do parágrafo e muitas vezes o leitor distraído pode passar batido por diálogos sem saber que eram diálogos. Eles são caracterizados por letras maiúsculas no início e uma vírgula ou ponto final como fim. Outra singularidade é o fato de nenhum dos personagens possuírem nome próprio. Os poucos personagens que são acompanhados na leitura são tratados por algumas qualidades bem peculiares como o Médico, ou a Mulher do Médico, ou a Rapariga dos Óculos Escuros. A última dificuldade é que é uma literatura bastante pesada e incômoda. O livro não te permite sentir bem em nenhum momento, ele não te dá paz de espírito e nem mesmo esperança. Na verdade, ele fica cada vez mais pesado. Saramago faz você digerir toda a natureza sinistra do livro sem pausa, e acredite, você ainda estará pensando no livro uma semana depois de ter terminado de lê-lo. Segundo o próprio Saramago, o livro é "brutal e violento" e uma das experiências mais dolorosas da vida dele.
Depois de toda essa campanha negativa, devo dizer que é o número 1 da minha lista de livros, e me forço a lembrar constantemente que a natureza humana que Saramago representou no livro não foge tanto assim a realidade. O livro nos faz repensar nossas atitudes, nossas decisões, nossos preconceitos, estilo de vida, situações difíceis. É um livro que traz uma carga muito pesada, e acho que justamente por isso merece ser lido até o final por todos que se arriscarem. Enfim, eu poderia ficar dias falando sobre o quão esse livro é bom. E deve fazer parte da biblioteca básica de cada um!

Livros parecidos: Não consigo indicar nenhum que seja semelhante ao Ensaio sobre a Cegueira. Nem mesmo A Metamorfose de Kafka me deixou num estado tão contemplativo quanto o livro de Saramago.

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